Feira afroempreendedora e debate sobre intolerância religiosa marcam o Dia dos Cultos Afros, em Macapá

Carreata, banho de cheiro e toques de tambor fizeram parte da programação.

Por Alexssandro Lima - Instituto Municipal de Políticas De Promoção da Igualdade Racial

Evento trouxe uma renda extra para Raimunda Márcia, de 55 anos | Foto: Alexssandro Lima/PMM

O Dia Estadual e Municipal dos Cultos Afro-religiosos no Amapá foi celebrado com honrarias no sábado (7). Representantes de religiões de matriz africana participaram de uma programação especial, cercada de simbologia e respeito às divindades, às vésperas da data que simboliza resistência e marca o primeiro toque de tambor no Estado, pela finada Mãe Dulce Moreira, do Terreiro de Mina Nagô de Santa Bárbara.

A programação religiosa contou com o apoio da Prefeitura de Macapá. O Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Improir) promoveu mais uma edição da Feira Afroempreendedora. A comercialização de artesanato e comidas típicas movimentou o anfiteatro da Fortaleza de São José de Macapá, local em que aconteciam as celebrações religiosas.

O evento trouxe uma renda extra para a cozinheira Raimunda Márcia Corrêa, de 55 anos, que faz parte do banco de dados das afroempreendedoras do Improir. A empreendedora saiu do bairro Brasil Novo, na zona norte, para vender comidas típicas.

“Criei meus filhos vendendo minhas comidas. Eventos como esse são essenciais nesse período pós pandemia, me ajudam muito na minha renda do mês”, comemora.

A diretora-presidente do Improir, Maria Carolina Monteiro, destaca a importância do evento religioso para o aumento da renda das empreendedoras.

“Além de ser uma ferramenta de combate à intolerância religiosa, a programação pode ajudar no complemento da renda dessas trabalhadoras. Cada evento, feira ou ação ajuda essas mulheres guerreiras e empreendedoras, pois a grande maioria, vive de seus negócios. Nosso objetivo enquanto provedores de políticas públicas é de gerar oportunidade”, complementa.

Programação
O evento foi organizado pela Federação de Cultos Afro-Religiosos de Umbanda e Mina Nagô (Fecarumina), com apoio do Governo do Estado, Fundação Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Feppir-Fundação Marabaixo), Casas de Matrizes Africanas e Prefeitura de Macapá, por meio do Improir.

A programação iniciou com uma carreata com saída da Praça do Cidade Nova 1, no bairro Perpétuo Socorro, até o centro da cidade. O objetivo era esclarecer a população sobre todas as formas de fé. A atividade continuou na Fortaleza de São José, com Feira Afroempreendedora e rufar dos tambores das religiões de matriz africana.

Mais uma vez, prestamos homenagens à saudosa Mãe Dulce Moreira, que introduziu o Tambor de Mina no Amapá e uma das precursoras da cultura afro, explica o Pai Salvino dos Santos, sacerdote de religião de matriz africana.

“O diálogo e o respeito são a chave para o entendimento. Ter a nossa religião e cultura reverenciadas é gratificante. Historicamente falando, as religiões de matriz africana sempre foram alvo de preconceito. Não queremos nada além do que respeito. Respeito à liberdade religiosa e à liberdade de expressão”, finaliza o sacerdote.