‘Não sei ler e nem escrever, aprendo olhando’, diz aposentada durante oficina de crochê no Cras de Macapá

Projeto trabalha com a proposta de incentivar a independência financeira e abrir novos caminhos para mulheres.

Por Alexandra Gomes - Secretaria Municipal de Assistência Social

Oficina atende mulheres em vulnerabilidade social | Foto: Andressa Pereira/PMM

‘’Com as aulas eu aprendi o ponto de bico. Não sei ler e nem escrever, aprendo olhando’’, conta a aposentada Ângela Ribeiro, de 71 anos, durante a Oficina de Crochê realizada, promovida pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas).

O projeto é iniciativa do Centro de Referência e Assistência Social (Cras) Igualdade, que trabalha com a proposta de incentivar a independência financeira e abrir novos caminhos para mulheres que buscam empreender.

‘’Foi assim que comecei a fazer crochê e aqui encontrei uma oportunidade de aprender e ensinar também. Faço peças de cama, mesa e banho, encomendas que vai do bairro Marabaixo para Paris e até Portugal’, complementa Ângela Ribeiro.

O curso qualifica as habilidades para gerir o próprio negócio, além de fortalecer o vínculo familiar e a relação de convivência social. O público em sua maioria são mães, mulheres chefes de família, usuárias do Cras que vivem em situação de vulnerabilidade social.

Mais que um meio financeiro, a arte de fazer crochê também se revela como uma atividade terapêutica para essas mulheres que encontram no artesanato novas inspirações. É o caso da dona de casa Márcia Cristina Soares, de 54 anos, moradora do bairro Marabaixo III. 

“Tenho problemas de ansiedade, sou muito agitada e não consigo ficar parada. No crochê encontrei uma terapia e também uma maneira de ganhar uma renda extra. O crochê já matou a minha fome muitas vezes. Se não faltar linha, estou sempre produzindo alguma coisa. Encontrei no Cras novos aprendizados e uma maneira de avançar para melhorar as vendas”, detalha a artesã.

Oficina ensina diferentes tipos de pontos de crochê | Foto: Andressa Pereira/PMM

Para o secretário municipal de Assistência Social, Gracinildo Nunes, incentivar e apoiar talentos é o melhor caminho para que essas mulheres conquistem sua independência financeira.

“Nossa equipe de profissionais do Cras Igualdade tem trabalhado de forma muito promissora com nossas usuárias. São mulheres guerreiras de grande potencial para crescer que podem empreender naquilo que melhor sabem fazer. São mães, com talentos que podem se transformar em geradores de renda para outras pessoas’’, destaca.  

De acordo com a professora da oficina, Brenda Oliveira, no curso as alunas estão aprendendo desde o ponto simples até como se organizar para a produção das peças, trabalhar com agendas para otimizar o tempo, técnicas de venda, uso das ferramentas virtuais para impulsionar vendas, maneiras de empreender, custo e percentual de lucro.

“Nosso objetivo é não só iniciar um novo aprendizado tanto para quem está começando quanto para quem está aprendendo novas técnicas de produzir, mas principalmente mostrar para estas mulheres que é possível avançar, criar e gerenciar seu próprio negócio. Hoje o crochê está deixando de ser apenas um meio de para ganhar uma renda extra e está se tornando um negócio promissor, porque tem mercado e muitas opções de produção”, explica.

O curso tem duração de um mês e ao final as alunas irão receber um certificado de qualificação profissional. Também haverá uma feira de exposição com peças produzidas por elas, cada produto terá uma etiqueta com nome e contato das oficineiras para garantir a clientela.