Mamíferos aquáticos do Bioparque recebem tratamento diferenciado em Macapá

Três peixes-bois estão em estabilização no parque.

Por Aline Paiva - Secretaria Municipal de Comunicação Social

Peixes-bois estão em estabilização no parque | Foto: Arquivo/PMM

Uma cooperação técnica entre o Bioparque da Amazônia e o Instituto Mamirauá vem ajudando a cuidar de três filhotes de peixes-bois chamados, carinhosamente, de Buriti, Perpétua e Fazendinha. Os animais, ameaçados de extinção, foram resgatados em situação de vulnerabilidade no Amapá.

O trio passa pelo período de estabilização, quando o animal é acompanhado após o resgate, até que seja encaminhado a um centro especializado. Eles não estão disponíveis para visitação no Bioparque, pois recebem uma atenção diferenciada para serem devolvidos ao ambiente natural.

“A cooperação técnica desenvolve pesquisa científica e avança no tratamento desses animais aquáticos. A intenção é garantir que a estadia deles dentro do parque seja a mais confortável possível”, destaca o diretor-presidente do Bioparque, José Aranha Neto.

Neste processo, o Instituto Mamirauá, por intermédio do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (GPMAA) e da Rede de Pesquisa e Conservação de Sirênios no Estuário Amazônico (SEA), promove a orientação técnica, enquanto o Bioparque avalia e executa as atividades essenciais à manutenção dos animais.

Cuidados
Os peixes-bois são os únicos mamíferos aquáticos herbívoros. No parque, a dieta deles é balanceada e supervisionada por profissionais capacitados, como explica a bióloga e pesquisadora associada ao Mamirauá, Danielle Lima.

“A dieta foi formulada por veterinários e zootecnistas, de modo a garantir que os animais recebam um alimento de melhor qualidade. Como ainda são filhotes, recebem um leite especial. Além disso, plantas aquáticas da região são disponibilizadas diariamente”, detalha.

Os animais também contam com uma rotina de avaliação biomédica mensal ou de acordo com a necessidade. Na última verificação, Perpétua, de 22 meses de idade, mediu 181,5 cm e pesou 110kg. Já a Buriti, com 17 meses, apresentou 185,5 cm e 131kg. A mais nova, Fazendinha, está com 127cm e 51kg com 7 meses de vida.

“Nestas ocasiões, os técnicos de ambas as instituições realizam, em conjunto, a avaliação clínica, o registro de medidas corporais, peso e a colheita de sangue dos animais para análise laboratorial. Todo este cuidado é necessário para prevenir doenças ou tratá-las”, complementa a bióloga Danielle.

O tratador Manoel Raimundo Sanches Pinto, de 55 anos, é um dos profissionais do parque que realiza trabalho de supervisão diária, que começa às 6h30 da manhã, com observação dos filhotes, preparação do leite e limpeza do espaço.

“Temos que ter cuidado e saber trabalhar com os peixes-bois. Preparamos o leite e alimentamos nas mamadeiras, sem fazer barulho porque não pode. Também damos remédio, se necessário. Tudo é anotado em uma planilha. Chegamos cedinho no parque e já verificamos se eles estão normais, caso estejam curvados ou apresentarem algum problema, informamos imediatamente aos veterinários ou biólogos”, explica o tratador.

Dieta nutricional foi formulada por veterinários e zootecnistas | Foto: Arquivo/Bioparque

Capacitação
Os peixes-bois em estabilização são animais que precisam de constante monitoramento. Para isso, os profissionais que atuam com eles precisam de alinhamentos para aprimorar os conhecimentos.

O último treinamento teve como público-alvo os tratadores de peixes-bois do parque, por serem considerados peças fundamentais na garantia da saúde e bem-estar dos animais em cativeiro.

A capacitação foi realizada por membros da SEA e do GPMAA, com abordagens direcionadas a questões de ecologia das espécies de peixe-boi presentes na região, requisitos necessários para uma estabilização, que incluíram informações acerca do manejo sanitário e nutricional, além de orientações sobre o reconhecimento de alterações comportamentais que possam ser apresentadas pelos animais, indicando a necessidade de intervenções e comunicação entre os colaboradores.