Todos os dias nos deparamos com histórias de mães que lutam para não deixar nada faltar na mesa de seus filhos. A felicidade de poder garantir a comida na mesa de sua família é o combustível de muitas mulheres para suportar os desafios do dia a dia.
Com a Cintia Batista da Silva, de 35 anos, não é diferente. Moradora do bairro Infraero, zona norte de Macapá, todos os dias ela acorda bem cedo e prepara o café da manhã para os seus sete filhos. Mãe coruja, ela não sai para o trabalho enquanto não providenciar algo para todos eles.
Sendo a única empregada de sua casa, todos os dias ela enfrenta o mundo para garantir a renda familiar. Em alguns momentos o desânimo fala mais alto, sobretudo quando os momentos difíceis chegam e a alimentação da família é afetada.
“Nunca tive medo de trabalhar, as dificuldades só fortalecem a gente. Às vezes dá vontade de largar tudo, mas penso nos meus filhos que dependem de mim e eu preciso colocar comida na mesa”, diz Cintia.
Após cumprir sua jornada de trabalho como diarista, ela volta para sua casa no começo da noite. Ao chegar, sempre é recepcionada da mesma forma: pouco a pouco, cada um dos filhos vem lhe dar um abraço apertado. E isso se repete dia após dia, como um ritual entre mãe e filhos.
A vida nunca foi fácil para Cintia. Passou por situações e, ainda muito jovem, precisou interromper os estudos.
Após a jornada de trabalho, ela se arruma depressa e vai com outros três filhos para a Escola Municipal de Ensino Fundamental Vera Lúcia Pinon Nery. Os quatro estudam juntos na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
“Às vezes chego cansada do trabalho, mas sei que não posso falhar com meus estudos, pois uma das coisas mais importantes da vida é estudar”, diz Cintia, demonstrando muita determinação em concluir a Educação Básica.
Atenta, esforçada e cheia de entusiasmo para adquirir o máximo de aprendizado possível, ela conclui dessa forma mais uma etapa de seu dia. Após gastar até a última gota de energia, ao final da aula ela volta para casa, abraça os filhos mais uma vez e agradece a Deus pelas oportunidades e livramentos do dia.
Auxílio em boa hora
Com o aumento do preço dos produtos nos mercados, Cintia não parou de trabalhar, mesmo em meio à pandemia. Preocupada com o bem-estar de seus filhos, ela sonhava com algo que pudesse aliviar as compras do mês.
Um certo dia, uma notícia mudou para melhor a rotina de Cintia. Ao chegar na escola para mais uma noite de aulas, ela foi comunicada de que estava entre os 34 mil estudantes da rede municipal de ensino aptos a receberem o ‘Cartão Merenda’. Quando soube da informação ela não conteve a emoção.
“Se não fosse o Cartão Merenda eu estaria passando por dificuldades para garantir a alimentação dos meus filhos. Esse benefício veio em boa hora e eu sou muito agradecida”, relata.
Além de Cintia e dos três filhos que estudam na EJA, os outros quatro também são estudantes da rede municipal de ensino na EMEF Vera Lúcia Pinon Nery. Como estão com as matrículas ativas e são assíduos na escola, todos os oito tiveram o direito de receber o benefício. Para ela, o auxílio serve como uma grande ajuda na subsistência da sua família.
Sobre o Benefício
A iniciativa, até então inédita dentro do município de Macapá, tem o objetivo de complementar a alimentação que já é ofertada dentro das escolas, de modo a garantir a segurança alimentar dos estudantes dentro e fora do ambiente escolar.
O auxílio é no valor de R$ 400,00, divido em quatro parcelas de R$ 100,00 cada. Durante o período de vigência do auxílio, da mesma forma que os estudantes da casa de Cintia, outros estudantes foram beneficiados. Os valores foram creditados em cartões magnéticos e entregues às famílias pela Secretaria Municipal de Educação (Semed).
Além de beneficiar estudantes, através do Cartão Merenda, o município de Macapá injetou aproximadamente R$ 13 milhões na economia local, contribuindo com o aquecimento das vendas de alimentos nos pequenos e grandes comércios credenciados da cidade.
*Estagiário sob orientação da Secretária Municipal de Educação.