Ramona Tainá ficou sabendo da ação social do mês da visibilidade trans e logo foi buscar os serviços de saúde promovidos pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos (SMDH), com apoio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Depois de passar pelo atendimento de auriculoterapia (técnica derivada da acupuntura), ela foi para a consulta médica no clínico geral, em seguida para a manicure, tudo disponível na programação da Prefeitura de Macapá.
“Hoje tirei o dia para cuidar da minha saúde, já que os atendimentos são gratuitos, de qualidade e rápidos. Devido a dor nas minhas costas, vim fazer especialmente a auriculoterapia para melhorar a saúde física, mental e emocional”, ressaltou.
Ramona foi uma das primeiras mulheres trans registrada no Amapá. Ela conta que naquela época era muito difícil, chegou a gastar mais de R$ 600 reais em taxas para alteração do registro civil.
Já Jorrana Patrícia dos Santos foi à ação para fazer a massoterapia, sorrindo, ela disse que estava um pouco estressada.
“Eu vim para a programação da prefeitura com intuito de fazer massagens e ficar mais confortável porque eu quero ficar mais leve, sem nenhum tipo de estresse”, contou.
No campo da beleza, o Centro de Referência e Atendimento à Mulher (Cram) disponibilizou a manicure com as mais diversas cores de esmaltes, além da aplicação de hena, desenhos de sobrancelhas e outros serviços.
Diferentemente da Ramona, o Rael Chagas teve mais sorte, ou melhor, apoio, pois a Defensoria Pública do Estado, junto a outros órgãos, agilizou toda a documentação dele para a alteração civil gratuitamente.
“Agradeço a Prefeitura e a Defensoria por me ajudarem nesse processo tão importante para a minha vida. Agora estou feliz, sou chamado pelo nome que eu sempre sonhei”, agradeceu Rael.
Pelo segundo ano, a Defensoria Pública realizou todo o processo de retificação e prenome de gênero na certidão, emissão de carteira de identidade com nome social, entre outras atividades juridicamente documentais. Este ano, o evento aconteceu no prédio da instituição, localizado na Avenida Procópio Rola, 500, Centro.
Os entrevistados transexuais falaram da dificuldade que é ser uma pessoa trans na sociedade amapaense por causa do preconceito social que eles vivem cotidianamente, contaram também sobre a dificuldade em entrar no mercado de trabalho e que os empregadores quando veem que a pessoa chamada do curriculum é um homem ou mulher travesti ou transexual, dizem que a vaga já fora preenchida.
Porém, os dispositivos legais garantem os direitos dessa população. Por isso é necessário que conheçam as leis, entre outros mecanismos, para que sejam erradicados o desemprego, o preconceito e o desrespeito.
A Coordenadoria de Políticas de Diversidade da Secretaria de Direitos Humanos, desde o ano de 2022 conta com apoiadores para promover essa inclusão social com diferentes políticas públicas nas áreas da saúde, jurídica, assistência social e apoio aos que estão em vulnerabilidade social. O ano de 2023 reforçou o tema “Queremos Respeito, Direitos e Dignidade”.
A coordenadora do evento, Rafaela Esteffans, representando o coordenador de Diversidade da SMDH, Edem Jardim, destacou a importância do evento para vida de cada transexual e travesti presente. Ela disse que o Dia Nacional da Visibilidade Trans celebrado neste domingo, 29 de janeiro, é um momento de reflexão e de luta por respeito.
“Assim como eu quero ser chamada pelo pronome ela, todas as pessoas trans presentes aqui também querem esse respeito, pois, o que para muitos é só um papel, para as mulheres e homens trans, a conquista pela mudança do nome: é ouro”.
O evento contou com autoridades importantes da Justiça amapaense, além de representantes e ativistas pelas causas da população LGBTQIA+. Na animação, DJ Lobotomy e DJ Sumrgirl divertiram o ambiente.
O secretário de Direitos Humanos, Raimundo Azevedo, frisou que a gestão do prefeito Dr. Furlan vem ‘de sol a sol’ trabalhando pelos direitos do povo macapaense, em diversas áreas como na saúde, educação, moradia, assistência social. Hoje, mais uma vez, a gestão vem trabalhando pelos direitos e dignidade das pessoas transexuais e travestis, são políticas públicas feitas com base nos textos constitucionais.
“É fundamental darmos um grito de alerta, e com a carteira da identidade social na mão é um passo muito grande. Infelizmente, dados apontam o Brasil com o maior número de assassinato de pessoas trans. Isso é negativo. Por isso é preciso falar, dar um basta e dizer chega!”, concluiu o secretário.