Setembro Amarelo: história de superação motiva a seguir em frente e celebrar a vida

Durante este mês a Prefeitura de Macapá adotou uma série de ações voltadas à saúde mental e à valorização da vida. Samara teve seu atendimento inicial em uma UBS municipal.

Por Laiza Mangas - Secretaria Municipal de Comunicação Social

Durante este mês a Prefeitura de Macapá adotou uma série de ações voltadas à saúde mental e à valorização da vida. Samara teve seu atendimento inicial em uma UBS municipal.

“A gente não pode desistir de viver, senão, nunca vamos alcançar a felicidade”, essa foi a mensagem de Samara Rodrigues, de 34 anos, após contar como superou suas crises de ansiedade.

Foto: Júnior Dantas

Entender os problemas emocionais é uma das principais formas de cuidar da saúde mental, evitando, assim, o desenvolvimento de doenças ligadas ao emocional. Esse foi um dos objetivos da campanha do Setembro Amarelo realizada durante todo este mês em Macapá.

Samara é servidora pública e teve os primeiros sintomas de ansiedade há dois anos, quando se frustrou ao não conseguir passar no Teste de Aptidão Física (TAF) do concurso da Polícia Militar do Amapá. Mas a sua primeira crise veio neste ano, quando viu sua família ser acometida pelo vírus da Covid-19.

“Inicialmente, era apenas compulsão alimentar. Eu engordei e passei a tomar remédio para emagrecer. Em março deste ano foi o meu pico, tive minha primeira crise de pânico. Chorava muito, comecei a gritar, não dormia direito, sentia falta de ar, um cansaço muito grande […]. Ainda é muito difícil falar sobre isso”, diz emocionada.

Quando procurar ajuda?
Foi a partir desse episódio que a Samara percebeu que precisava buscar ajuda. Então, ela foi à Unidade Básica de Saúde (UBS) Rubin Aronovitch, que na época era referência para atendimento emergencial no município. “Fui orientada pelos meus familiares a procurar ajuda, mas a iniciativa veio de mim”, completa ela.

O psicólogo Maurício Dias foi quem atendeu Samara pela primeira vez. “Por conta da pandemia e o aumento dos casos de doenças psicológicas, a coordenação de Saúde Mental do Município decidiu implantar o serviço de atendimento emergencial no dia 8 de março na UBS Rubin Aronovith, mas em seguida fomos remanejados para a UBS Marabaixo, porque o Rubim virou atendimento aos casos de Covid-19”, explica.

Foto: Júnior Dantas

As crises de ansiedade, assim como outros fatores psicológicos, são influenciadas por insegurança, medo, frustrações, situações estressantes, violentas e pós-traumáticas. “Quando você está com suas emoções abaladas, teu corpo somatiza isso e coloca para fora o que você não está conseguindo lidar emocionalmente”, completa Maurício.

A busca por ajuda vem quando a pessoa percebe que não está conseguindo encontrar o equilíbrio emocional necessário. “Quando nossas emoções não são trabalhadas, em algum episódio da nossa vida, elas podem desencadear o que chamamos de ‘gatilho’ e aí temos como resultado uma crise”, pontua o profissional.

Acolhimento
A compreensão e o acolhimento são essenciais nesse processo. Samara conta que não foi fácil aceitar que precisava de ajuda, mas que teve apoio de pessoas próximas a ela. “A gente custa a acreditar que precisa ir no psicólogo ou psiquiatra”, diz.

Cada pessoa tem suas potencialidades e forma de ver o mundo. Não é apenas ‘frescura’ ou ‘falta de Deus’, como a Samara também chegou a ouvir de pessoas próximas. “A gente tem que compreender e não julgar ninguém. A falta de informação também leva as pessoas a serem apáticas e insensíveis”, declara.

Ter alguém próximo que ajude e incentive a pessoa que está passando por algum problema psicológico é fundamental em sua recuperação. “Muitas vezes a pessoa não percebe que ela está com sintomas de depressão e crise de ansiedade, então ter um familiar ou amigo que direcione ela para buscar ajuda é um ato de amor e cuidado”, destaca o psicólogo.

Foto: Júnior Dantas

Um novo começo
Samara foi uma das convocadas do concurso público da Educação do município. Atualmente ela é professora da Creche Municipal Tia Chiquinha. O trabalho ajudou muito no seu tratamento, principalmente porque é um ambiente agradável e com um público infantil que nos faz enxergar o lado bom da vida.

“Quando iniciei a terapia, senti que eu melhorei bastante. Já não sinto mais insônia e não tenho mais compulsão alimentar. É um passo de cada vez. Começar a trabalhar com crianças também me ajudou muito”, enfatiza.

Um novo começo para Samara e para tantas outras pessoas que decidem iniciar o acompanhamento e tratamento.

“Quando você desiste de viver, você desiste de ser feliz também”, aconselha.

Atendimento psicológico emergencial no município
Foi criado com a proposta de atender tentativa de suicídio, ideação suicida, crise de ansiedade e crise depressiva desencadeadas pela pandemia da Covid-19. Hoje o Município atende também pacientes em luto, depressão pós-parto, Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A unidade funciona de 7h às 19h, de segunda a sexta-feira, com exceção dos feriados. Dois profissionais ficam à disposição. O atendimento é realizado de forma emergencial, em seguida são direcionadas para outras unidades para dar continuidade no tratamento terapêutico.