Sede da valorização e reconhecimento da população negra amapaense, o prédio do Centro de Cultura Negra, que integra a União dos Negros do Amapá (UNA), será reformado pela Prefeitura de Macapá. Nesta segunda-feira (20), o prefeito Dr. Furlan assinou a ordem de serviço que autoriza revitalização do espaço.
‘’O Centro de Cultura Negra é um local simbólico, que mantém viva a ancestralidade, memória e identidade da população negra amapaense. Por isso, hoje é um momento importante de resgate das manifestações culturais de uma comunidade que fez a história do Amapá. Reitero nossa responsabilidade com a revitalização, pois assumimos um compromisso no incentivo ao empreendedorismo, turismo e cultura’’, explica o prefeito.
A cerimônia de assinatura da ordem de serviço contou com a presença de diversos agentes do movimento negro amapaense, com representantes culturais do samba e marabaixo, das comunidades tradicionais e do segmento afrorreligioso.
‘’Lutamos pela revitalização do centro e esse é um trabalho em conjunto com atores sociais, que fizeram de tudo para estarmos hoje aqui, quando ninguém acreditou. Quero dizer que este espaço não é dos negros, é do Amapá, por isso, de todos nós. Então é uma reforma importante, pois aqui não é só um espaço de dança, mas sim um setor econômico, que visa o empreendedorismo e que também mantém viva a história com um museu a céu aberto’’, comenta a coordenadora do Centro de Cultura Negra, Núbia Quilombola.
Morador do bairro do Laguinho, Rogério dos Santos, compôs o grupo popular que lutou para a revitalização da área. Atuante no movimento negro, ele comenta que a reforma vem regada de esperança.
‘’Estamos ansiosos para ver essa obra começar, pois se trata de um espaço no centro da cidade. O movimento negro e suas peculiaridades culturais terá um local limpo e totalmente revitalizado. O Centro é um corredor cultural e sabemos que no Amapá isso é muito forte, com a recuperação todos os segmentos serão beneficiados’’, destaca.
Revitalização
A reforma será direcionada ao prédio administrativo, Museu do Negro e a maloca multiuso, que são os espaços que integram o centro cultural, símbolo da memória e identidade das comunidades negras amapaenses.
Os locais receberão novas instalações elétricas, hidráulicas e de combate à incêndios. Além disso, terão nova cobertura, pintura, troca do piso, revitalização dos espaços em madeira, mureta e enceramento.
O serviço será executado pela Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura Urbana (Semob), com previsão de entrega para 6 meses. Ao todo, o investimento custará aproximadamente R$ 800 mil. O recurso é fruto da soma da contrapartida municipal, mais emendas parlamentares do senador Randolfe Rodrigues (Rede) e do deputado federal Camilo Capiberibe (PSB).
‘’Este momento é importante para nossa capital e para o Amapá, pois representa a história e identidade da população negra, violentada no período colonial e que, na atualidade, ainda sofre com a intolerância. Fico feliz que a Prefeitura aceitou o desafio, teve força de vontade. Aqui temos um ponto essencial para o desenvolvimento econômico, que exalta a contribuição dos afrodescendentes para o Estado’’, destaca o deputado Camilo Capiberibe.
O economista e mestre em Desenvolvimento Regional, Charles Chelala, que no ato representou o mandato do senador Randolfe Rodrigues, destacou que a revitalização torna realidade uma discussão que foi levantada em 2021 com a comunidade.
‘’O senador Randolfe gostaria de participar, mas teve uma agenda em Brasília. Esta emenda teve uma história muito bonita, pois há 1 ano começou um mutirão com moradores da comunidade e o senador se comprometeu em alocar recursos para a revitalização. Hoje a ordem de serviço torna isso realidade, contribuindo para o resgate das manifestações religiosas e culturais, além de um espaço de geração de emprego e renda’’, pontua Chelala.
Espaço cultural
O Centro de Cultura Negra, localizado no bairro Julião Ramos, na zona central da capital, é conhecido por ser palco de eventos tradicionais que promovem a igualdade racial, como o Encontro dos Tambores e as feiras de empreendedorismo afro. O local é considerado estratégico para o fomento das manifestações culturais negras no Amapá.
Atualmente, o prédio administrativo é formado pela copa, depósito e dois banheiros. O Museu do Negro tem o hall de entrada, sala para exposição e áreas livres. Já a maloca pode ser utilizada para diversas funções. O espaço tem seis salas, dois banheiros, depósito, hall e uma área verde.
Cerimônia
A solenidade de assinatura da ordem de serviço encerrou ao som da manifestação cultural do Marabaixo, com a atração de grupo cultural.
O evento teve a presença do secretariado municipal de Macapá, vereadores do munícipio, como a Janete Capiberibe (PSB), Alexandre Azevedo (PP), André Lima (Rede) e Helder Carneiro (Psol), a deputada estadual Cristina Almeida (PSB), o deputado federal Camilo Capiberibe (PSB) e autoridades políticas, na figura de ex-senador do Amapá, João Alberto Capiberibe.