Ciclo do Marabaixo: Improir participa da Live da Quarta-feira da Murta do Divino Espírito Santo

O Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Improir) participou de uma transmissão ao vivo em alusão à Quarta-feira da Murta, em louvor ao Divino Espírito Santo. A Live exibida na quarta-feira (12), foi promovida pela Associações Raimundo Ladislau e Marabaixo do Pavão, marcando o calendário litúrgico do Ciclo do Marabaixo.

Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o evento aconteceu on-line, respeitando todos os critérios de combate à Covid-19. De maneira virtual, a alegria e o brilho das cantadeiras e dançadeiras transmitiram fé e devoção, mostrando a beleza da festividade religiosa afroamapaense.

Para compor o cenário, o Improir montou uma exposição do Museu do Negro Gertrudes Saturnino, com a exibição de indumentárias, caixas, instrumentos e objetos representativos da manifestação cultural do Marabaixo. A intensão é demonstrar a identidade cultural das comunidades quilombolas.

A diretora-presidente do Improir, Maria Carolina Monteiro, ressalta a importância em apoiar a manifestação cultural religiosa, reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Brasil.

“A Prefeitura de Macapá, através do Improir, reconhece a necessidade de incentivar essa expressão cultural afroamapaense, que transpassa gerações. O Ciclo do Marabaixo significa resistência e ilustra a devoção da comunidade em louvar o Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade’’, explana a gestora.

A marabaixeira Mônica Ramos, da Associação Folclórica do Marabaixo do Pavão, explica que a programação organizada por cinvo grupos de Marabaixo, precisou ser adaptada para manutenção e fortalecimento da cultura afroamapaense.

“Essa adaptação para o formato de Live é uma grande inovação. Estamos respeitando os critérios com uso de máscara e álcool em gel. É uma emoção muito grande. Graças a Deus está dando tudo certo. Você sente o Divino Espírito Santo te abençoando’’, afirma.

Quarta da Murta
A Quarta-feira da Murta integra o calendário litúrgico do Ciclo. A presidente da Associação Cultural Raimundo Ladislau, Laura do Marabaixo, destaca que em situações regulares anteriores a pandemia, a comunidade marabaixeira buscava a murta no Quilombo do Curiaú para levar até o local onde fica o mastro, nas proximidades da casa do festeiro, o barracão em que acontece as rodas de marabaixo.

À tarde, por volta das 16h, ocorriam cortejos no tradicional bairro do Laguinho. A fé era transpassada ao toque de caixas de marabaixo, as dançadeiras carregavam as murtas no intensão de agradecer as graças alcançadas.

“Depois saíamos novamente com a murta, para buscar a benção na Igreja do nosso padroeiro São Benedito. De lá, retornávamos para o Centro Cultural Tia Biló e o marabaixo amanhecia. Um momento de louvor, de festejo com os nossos parentes e simpatizantes dessa cultura maravilhosa’’, conta Laura.

“Às 6h da manhã, enfeitávamos o mastro com a murta, que para o nosso povo preto significa purificação. No topo do mastro é colocada a bandeira do Divino Espírito Santo. Às 7h da manhã, na ‘Quinta-feira da Boa Hora’, era levantado o mastro. Às 19h, eram realizadas as ladainhas em latim. No domingo, ainda tinha a missa, que acompanha o calendário da Igreja Católica’’, complementa.

Ciclo do Marabaixo
O Ciclo do Marabaixo é uma autêntica expressão cultural do Amapá que transpassa gerações. A programação inicia no Domingo de Páscoa e finaliza no Domingo do Senhor, seguindo o calendário da Igreja Católica. A festividade é realizada anualmente por famílias dos Bairros da ‘Favela’ e do Laguinho, regada a fé e devoção a Santíssima Trindade e o Divino Espírito Santo.

Aline Paiva
Instituto Municipal de Políticas de Igualdade Racial