Um lugar para morar: pessoas em situação de rua começam a ser beneficiadas com Aluguel Social da Prefeitura de Macapá

Fotos: Cleito Souza

O desejo de uma moradia digna começa a se concretizar para algumas pessoas em situação de rua, acolhidas pela Prefeitura de Macapá durante a pandemia. Elas foram beneficiadas pelo Aluguel Social, subsídio pago pelo Tesouro municipal por tempo determinado para o custo de um imóvel popular. Das 137 pessoas em situação de rua assistidas pelo Município no alojamento temporário, 22 deixaram as ruas, 10 aguardam conclusão do cadastro. Algumas voltaram para a terra natal, outros resgataram a família e começam a trilhar uma nova história. Uma nova chance para uma vida melhor.

“O Aluguel Social é um benefício destinado a atender as pessoas em vulnerabilidade social, sem moradia, nesse momento que vivenciamos da pandemia. A prefeitura, por meio da Secretaria de Assistência Social, vem garantindo, temporariamente, à população em situação de rua, o benefício eventual do Aluguel Social. Portanto, aqueles que se encontravam abrigados no alojamento temporário e que estavam com sua documentação tudo ok já entraram diretamente no Aluguel Social, outros passaram pelos trâmites documentais, onde a equipe técnica do Centro POP vem acompanhando na retirada dos documentos necessários”, explica Gleice Barbosa, coordenadora do Centro POP.

Essas pessoas permanecem, além do Aluguel Social, sendo assistidas pelos serviços no Centro POP, como café da manhã e almoço, além do atendimento individual, social e psicológico.

Nova realidade

“Acordar cedo, fazer o café, tomar banho e sair para trabalhar ou ir em busca de um emprego pode parecer coisa simples para algumas pessoas, mas, para mim, representa vida, propósito e oportunidade. Estou tendo uma nova chance, longe das ruas, do frio e da fome. Essa realidade será minha motivação para os desafios diários a partir de agora, tendo um lugar para morar”, diz Edmilson Brito, 63 anos, contemplado com o Aluguel Social.

Edmilson trabalhava como motorista quando a pandemia chegou e perdeu o emprego. Ficou sem condições de se sustentar e pagar o aluguel da casa onde morava. Sozinho, sem perspectivas, acabou nas ruas. “Eu senti o gosto amargo da fome, os dias de chuvas sem cobertor e as ameaças da noite sem proteção”, conclui ele, cheio de expectativas para essa nova fase.

De mãos dadas

Sem um teto, sozinho e no relento das madrugadas de Macapá. É assim que Elson Ribeiro Furtado, 55 anos, descreve os dias que esteve nas ruas. Ele veio de Belém em busca de emprego. O pouco que ganhava dava para viver. Mas, com o mercado escasso por causa da pandemia, não teve mais fonte de renda e foi parar nas ruas. “Foram tempos difíceis, de solidão e tristezas. Minha família é do Pará e há mais de 20 anos eu não tinha contato com meus filhos. Deus sabe dos meus tormentos e angústias na vida de antes”, relata.

“Aquilo que eu sonhava, parecia difícil, mas começou a se tornar realidade. Voltei a ter uma vida digna. A Prefeitura de Macapá, por meio do Centro POP, me ajudou a tirar os documentos pessoais que eu havia perdido, garantiu o Aluguel Social e mediou o contato com meus filhos. Eu também não poderia deixar de citar a Jurema. Eu a conheci nas ruas, e agora ela é minha companheira, está comigo, estamos morando juntos e caminhando de mãos dadas”, finaliza.

Sexo frágil

Diante das adversidades no contexto da rua, como o risco de violência física e sexual, Lindalva Pereira de Lima se tornou frágil e vulnerável nas noites, sem abrigo e proteção. “Não acho que o fato de eu ser mulher me limite a alguma coisa. Mas, infelizmente, me submeteu a situações constrangedoras nas ruas. Mas isso ficou pra trás. Saio de manhã de casa para procurar emprego e no fim do dia tenho um lugar para voltar”, informa Lindalva, após ser beneficiada pelo Aluguel Social.

O músico estrangeiro

“Na rua, todo mundo é plateia, e eu tinha a minha. Embora fosse um palco aberto, garantia alguns trocados no fim do dia. Eu saía de casa com meu violão nas costas e em qualquer canto eu cantava e tocava”, conta o argentino Alberto Daniel Zielazne. Ele também teve que deixar as ruas por causa da pandemia e foi para o alojamento temporário da prefeitura.

O argentino escolheu a capital amapaense para viver depois de romper laços com a família no seu país. Ele não quer voltar para casa, e mesmo com as dificuldades devido à idade, 70 anos, ele diz que irá recomeçar a vida. “Ainda tenho saúde, fui contemplado com o Aluguel Social. Estou me instalando na casa nova e tão logo quero voltar às ruas. Mas, desta vez, apenas para levar voz e violão ao meu público”, afirma Alberto.

Acolhimento

Preocupada com o possível avanço da Covid-19 e para evitar a disseminação da doença, considerando que a população em situação de rua é a mais desprotegida para enfrentar a pandemia, a Prefeitura de Macapá, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, acolheu pessoas em situação de rua em um alojamento temporário.

As mais de 100 pessoas em situação de rua que passaram pelo alojamento receberam café da manhã, almoço, lanche da tarde e janta, serviços de roupa, lavanderia, além de acompanhamento de saúde, vacinas e Aluguel Social. Houve a entrega de roupas e calçados. Quem precisou teve auxílio do corpo técnico com assistentes sociais, psicólogo, terapeuta ocupacional, sociólogo e administrador.

Centro POP

O Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua é voltado para o atendimento especializado à população em situação de rua e oferece serviços especializados, com atendimentos individuais e coletivos, como oficinas e atividades de convívio e socialização, além de ações que incentivem o protagonismo e a participação social das pessoas em situação de rua.

Essa unidade também funciona como ponto de apoio para pessoas que moram e/ou sobrevivem nas ruas e viabiliza o acesso a espaços de higiene pessoal, de alimentação e provisão de documentação. O endereço do Centro pode ser usado como referência do usuário.

Formas de Acesso

O serviço pode ser acessado de forma espontânea pela pessoa em situação de rua, a qualquer momento. Pode também ser acessado por encaminhamento do Serviço Especializado em Abordagem Social, por outros serviços da assistência social ou de outra política públicas e por órgãos do Sistema Judiciário.

Secretaria de Comunicação de Macapá

Mônica Silva

Assessora de comunicação