Tecnologia de plantas macrófitas pode ser alternativa de tratamento sanitário para Macapá

Formas de baixo impacto, com tecnologia natural e com eficiência de resultados. Isto é o que se busca no mundo hoje em dia em relação a tratamento de esgoto. Assim, países na Europa apostam no Fito-Etar – uma opção de tratamento de água e esgoto com plantas, desenvolvida pelo pesquisador português José Antônio F. Mendes. Ele esteve na segunda-feira, 12, no auditório da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), para ministrar palestra proporcionada pela Prefeitura de Macapá.

 

De acordo com o pesquisador, essa tecnologia utiliza plantas macrófitas (aquáticas que habitam desde brejos até ambientes totalmente submersos), que se “alimentam” dos resíduos, chegando a purificar até 90% da água que depois pode ser devolvida ao rio. Ele é presidente da Cooperativa de Serviços para Preservação do Ambiente (CRL), que desenvolve essa tecnologia em Lisboa e outras cidades da Europa.

 

“Conforme mostrei na minha palestra, nossa tecnologia funciona em outros países e acredito que também funcionará perfeitamente no Brasil. Estou à disposição para trocar informações, dar mais explicações sobre meu trabalho. Espero que aqui [em Macapá] possamos desenvolvê-la, como estou fazendo em outros cantos do mundo”, ressaltou José Antônio F. Mendes.

 

O público foi formado por 160 pessoas, entre acadêmicos de cursos afins, como profissionais da área de biologia, saneamento básico e meio ambiente, como o professor da Universidade Federal do Amapá, Aldo Proietti Junior, que também é coordenador do Laboratório Especial de Microbiologia Aplicada (Lema), que fez questão de trocar informação com o palestrante e mostrou preocupação em relação à introdução de plantas não nativas da Amazônia.

 

“Toda alternativa de baixo impacto para o meio ambiente é sempre bem-vinda. Porém, não podemos abrir mão do risco de introduzir um exemplar exótico. A Amazônia é muita rica e produtiva. Há, portanto, a necessidade de termos muita segurança antes de implantar um novo cultivar, uma vez que aquilo, que a priori parece ser uma solução de baixo impacto, não se traduza posteriormente em um risco ambiental grande”, ponderou o professor Aldo.

 

O pesquisador e palestrante Mendes destacou que as plantas que serão utilizadas já existem no Brasil, mas, após a função de absolver os resíduos poluentes, elas serão cortadas e incineradas. A Prefeitura de Macapá estuda um projeto piloto para verificar a eficácia da tecnologia e se não haverá nenhum dano ao meio ambiente.

 

De acordo com o diretor do Zoobotânico, Herialdo Almeida, espera-se fazer um laboratório no parque para desenvolver o projeto. “Este é um trabalho interessante. Usando a tecnologia de macrófitas, já vi trabalhos com esse tipo de plantas no Brasil, mas esta apresentada aqui é nova, pois se alimenta do material do esgoto. Estudamos um espaço para fazermos um tratamento natural. A empresa também tem interesse. Estamos analisando valores e estudando a possibilidade de realizarmos, com muito cuidado e precaução para não agredirmos nosso meio ambiente”.

 

Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Lucas Abrahão, qualquer forma de buscar melhorar a qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente terá o esforço da Prefeitura de Macapá. “Buscamos alternativas viáveis e eficazes para resolver um problema que se arrasta há muito tempo em nosso estado, e, se podermos utilizar uma tecnologia natural para cumprir esse papel de forma econômica e não prejudicial, será de grande impacto na vida das pessoas”.

 

Pérola Pedrosa

Assessora de comunicação/Semdec