‘Se a Coração Azul não existisse seria muito mais difícil’, conta pai de criança atendida pela 1ª Clínica-Escola para autistas de Macapá

Daniel Garcia, 5 anos, é um dos 200 estudantes atendidos atualmente pela clínica-escola "Coração Azul".

Por Ingra Tadaiesky* - Secretaria Municipal de Educação

Del Pureza e seu filho, Daniel | Foto: Ingra Tadaiesky/PMM

O padeiro Del Pureza viu sua vida mudar completamente há 5 anos, quando seu filho, o pequeno Daniel nasceu. Criar uma criança já é uma tarefa árdua, mas Del e sua esposa notaram que seu filho não tinha o comportamento parecido como o de outras crianças da mesma idade.

Foi na igreja, conversando com amigos, que pensaram pela primeira vez na possibilidade de Daniel ter o Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Até então a gente nunca tinha parado para pensar no autismo. Ouvia falar, mas eu não sabia o que era exatamente. Quando ele estava com pouco mais de um ano, nós começamos a procurar entender o que era o TEA”, explica.

Inicialmente os pais sentiam receio pelo preconceito que ainda existe com pessoas que possuem algum tipo de diferença e desde que perceberam que Daniel tinha autismo, notaram a forma que o filho era visto. “Quando saíamos, muitas vezes, as pessoas nos olham com preconceito. Acham que ele é tolo, birrento ou que nós não sabemos educar. Mas não, ele é autista”, conta emocionado o padeiro.

Daniel é estudante da clínica-escola Coração Azul | Foto: Ingra Tadaiesky/PMM

Procura por atendimento
A trajetória em busca de atendimento especializado sempre foi cheia de dificuldades e com a chegada da pandemia, e a necessidade do isolamento em casa, Del ficou impedido de sair para obter o laudo para o filho.

Com a demora para realizar o atendimento, o pai de Daniel se preocupava cada dia mais com o desenvolvimento do seu filho e na inauguração da Clínica-Escola Coração Azul, o pai do menino viu seus anseios sendo atendidos. O garoto é estudante do anexo da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Vera Lúcia Neves Deniur e é uma das 200 primeiras crianças atendidas pelo espaço.

“A gente nunca espera que vá ter um filho com autismo, então tem sido uma experiência nova pra mim. É difícil, não vou mentir, pois a gente não tem o recurso para fazer esse atendimento em um local particular. Então a clínica veio ajudar e muito. Se a “Coração Azul” não existisse, seria muito mais difícil”, explica Del.

Em busca de fechar seu diagnóstico, Daniel avança cada dia mais. E agora, um mês depois do início do acompanhamento, recebe elogios de suas professoras. Elas dizem que agora o garoto consegue se comunicar melhor e participar das atividades realizadas em sala. Seu avanço é notável.

“Ele é nosso presente de Deus. Mudou muito nossa vida e por ele vale a pena qualquer coisa. O amor que a gente sente por ele é bem maior que tudo e bem maior que os olhares de julgamento”, conclui o pai.

Serviço
A Clínica-Escola Coração Azul é o primeiro centro educacional e ambulatorial especializado em crianças autistas da capital. O espaço fica localizado na Av. Procópio Rola, nº 1176, bairro Central.

* Estagiária sob supervisão da Secretaria Municipal de Educação

Del e o filho na Clínica-escola | Foto: Ingra Tadaiesky/PMM