Prefeitura de Macapá faz recadastramento dos moradores do Conjunto Mucajá

A Prefeitura de Macapá iniciou nesta semana, no Conjunto Mucajá, um recadastramento para detectar aspectos atuais e assim dar início a uma regularização fundiária do local das famílias que residem nos apartamentos. Sob a orientação da Secretaria Municipal de Assistência Social e do Trabalho (Semast), os mobilizadores da Secretaria Especial de Coordenação das Subprefeituras (Secsub) fazem o recadastramento, mapeamento de lideranças e o levantamento social dos empreendedores.

 

O objetivo é levantar dados socioeconômicos, como ocupação e nível de escolaridade, e ainda as principais demandas que estão pendentes no local. Atualmente, muitos dos apartamentos não pertencem mais aos beneficiários originais. A partir desse levantamento, a prefeitura pretende dar uma nova abordagem aos moradores e oferecer uma melhor qualidade de vida.

 

“Precisamos saber quem são os residentes. Sabemos que grande parte dos beneficiários já não mora mais aqui. Portanto, é fundamental sabermos qual a realidade hoje do habitacional para que possamos cumprir as exigências da Secretaria do Patrimônio da União. A área do Mucajá pertence à União e será repassada para o Município. Nesse processo, essas informações são relevantes para o planejamento de como iremos atuar”, explica a coordenadora Operacional do Programa Minha Casa, Minha Vida de Macapá, Márcia Lima.

 

Por meio do questionário apresentado pela equipe da Secsub, foi possível perceber vários perfis de uma mesma história. A desempregada Márcia Alves, 29 anos, mãe de seis filhos e grávida de sete meses, saiu de uma área de risco próximo ao Linhão do Matapi com a esperança de ver os filhos crescerem em um local mais seguro. “Sonhei com esse dia e hoje vejo meus filhos trancados com medo da violência, o nosso maior problema aqui. Meus próprios parentes não vêm nos visitar porque também sentem medo”. Pelo estigma que persegue o Mucajá, ela se vê obrigada a omitir o lugar onde mora. “Chorei muito quando me negaram emprego por saber que resido aqui. Deus me perdoe, mas evito falar”.

 

A doméstica Maria Ribeiro, 53 anos, além da insegurança, enfrenta ainda problemas estruturais no apartamento onde mora. “No primeiro ano deu problema. Hoje, não sei mais o que faço, vendo as paredes desse jeito e o lugar alagado quando usam o banheiro no andar de cima. Muito triste sonhar com algo melhor e acabar nisso”.

 

Já para Maria Belém, 54 anos, dona de casa, um dos principais fatores de demanda no cotidiano coletivo do Mucajá é a falta de conscientização quanto à limpeza. “Morava em uma casa de madeira na invasão, um lugar sujo e desarrumado. Hoje, temos nosso apartamento do jeito que eu e meu marido sonhamos. Gostaríamos de viver num ambiente de paz, com segurança. Mas também em um ambiente limpo, porque tem gente aqui que joga lixo até pela janela. A prefeitura limpa, recolhe o lixo e pouco depois está tudo sujo novamente. Como conviver com isso?”.

 

Após as necessidades e prioridades do Conjunto Mucajá estarem identificadas, será possível para o Município dar uma nova configuração ao habitacional, que irá interferir de forma positiva em todo o entorno. As ações estão concentradas, além da Semast e Secsub, nas secretarias municipais de Obras e Infraestrutura Urbana (Semob), Manutenção Urbanística (Semur) e Desenvolvimento Econômico (Semdec), com apoio da Guarda Municipal de Macapá.

 

Ruth Helena Carrera

Assessora de comunicação/Secsub