Música “Rodas de Marabaixo” é a campeã do I Festival Cantando Marabaixo

A final do primeiro festival de música tradicionalmente negra, o Cantando Marabaixo, aconteceu no sábado, 17, na comunidade remanescente do quilombo do Curiaú, e atraiu um grande público para prestigiar o canto negro dos ancestrais afroamapaenses. Marcadas pelo batuque das caixas, doze composições concorreram a final que premiou os três melhores intérpretes e compositores.

 

Foram inscritas 26 composições, apresentadas durante as duas seletivas feitas anteriormente. Com apoio da Prefeitura de Macapá, os artistas puderam expressar toda a linguagem que passa de geração em geração e transmitir de forma sensível o jeito de sentir e pensar os costumes, as crenças e outros elementos culturais do povo negro e afrodescendente.

 

Gabriele Maysa, de 10 anos, cresceu ao som dos tambores. Trineta de uma das mais conhecidas marabaixeiras do estado, Tia Gertrudes Saturnino, que batiza com seu nome o Museu Municipal do Negro, se emocionou ao subir no palco. “É uma honra continuar a fazer o que a minha trisavó, bisa e avó faziam, e ao lado da minha mãe, que me ensinou a dançar Marabaixo”.

 

O mesmo encanto que levou o professor de física Olivaldo Mont’Verde, de 65 anos, a prestigiar o festival. “Tenho 50 anos radicado no Amapá e apoio os movimentos que eternizam nossa cultura, porque não importa a cor da pele, somos todos negros em nossas raízes”.

 

Valdinete Costa foi a campeã do festival com a música “Rodas de Marabaixo”, interpretada por Lorrany Mendes; em segundo lugar ficou “Meu Cavaleiro”, de autoria e interpretação de Gabriely Azevedo; e em terceiro “Meu coração é Teu”, composta e interpretada por Adelson Preto.

 

“O movimento Nação Marabaixeira está muito satisfeito com a repercussão e sucesso do festival. Por meio deste evento, encontramos uma forma de oportunizar pessoas e fortalecer o Marabaixo. Para isso, o apoio da Prefeitura de Macapá foi fundamental. Agora é aguardar o CD e DVD com as canções e esperar o próximo, em 2017”, afirmou o organizador do evento, Carlos Piru.

 

Para o presidente do Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Maykom Magalhães, o suporte dado pelo Município ajuda a construir uma nova consciência sobre a importância do patrimônio cultural. “Mais do que um convívio social, é a integração do poder público comprometido com as artes e com a cultura do nosso estado”.  O resultado foi uma noite para manifestar uma cultura das mais importantes e expressivas integrando o passado e o futuro por intermédio do respeito a ancestralidade e do direito de perpetuar a sua arte.

 

Ruth Helena Carrera/Asscom Improir