O Mercado Central é um dos pontos mais visitados da cidade de Macapá por sua área de livre comércio, onde encontra-se para comprar um pouco de tudo o que os amapaenses usam no dia a dia. Açougueiros, peixeiros, verdureiros, sapateiros, ourives, cabeleireiros, alfaiates, roupas e acessórios, perfumaria e vendedores de lanches e comidas são alguns exemplos dos tipos de comerciantes e produtos que podem ser encontrados no local.
Construído em frente à Fortaleza de São José de Macapá (o ponto turístico mais conhecido da capital) e inaugurado em 13 de setembro de 1953, sob a gestão do prefeito Claudomiro de Moraes, a construção, em estilo colonial, era imponente para uma época em que a população macapaense tinha suas casas construídas com madeira ou barro. Dentro, havia trinta e seis boxes para comerciantes venderem carne de boi, frango, peixe, verduras, frutas e mesmo para produtos não alimentícios, como revistas.
Hoje, com a reforma do lugar, serão 63 boxes. Havia também comerciantes ao redor do mercado, como sapateiros, farmacêuticos e ourives. Neste último, um dos mais antigos do lugar é José Otávio Ferreira. Ele é ourives há quarenta anos (por interesse próprio) e atua no Mercado Central há vinte. O pai era carpinteiro naval e a mãe doméstica.
Depois de aprender o ofício com outros ourives, fez curso para se especializar e “oficializar” no ramo. Em um box pequeno, em torno do mercado, Dom José produz suas peças a partir do ouro e prata trazidos pelos clientes. Apesar do ofício não ter o mesmo prestígio que tinha em épocas anteriores, Dom José não se deixou desanimar e seguiu adiante com a profissão, manufaturando joias de acordo com o gosto dos clientes.
O artesão explica que, como o serviço é autônomo, não dá para fixar uma renda. “Tem dias que eu faturo cem reais. Às vezes, noventa, oitenta. Têm dias que dá até vinte reais”, falou o ourives. “Por exemplo, em um cordão de ouro de setecentos reais, eu tenho que tirar quinhentos e cinquenta reais para comprar ouro. O cliente que escolhe se traz a matéria-prima para eu fazer a peça ou se traz o dinheiro para eu comprar”.
A ourivesaria é a arte de fabricar joias e ornamentos (especialmente de ouro e prata). Para isso, o profissional usa instrumentos como martelo, tenaz, alicate, pinça, laminador, cunho, escova etc. Algumas dessas ferramentas permanecem sendo usados até hoje, enquanto outras foram substituídas por mais contemporâneas. Para manufaturar uma joia, a matéria-prima passa pelos seguintes processos: fundição, laminação, martelagem, modelagem, soldagem e acabamento. O ofício de ourives já teve muito prestígio, entre autoridades como reis, faraós e imperadores.
Dom José, antes de ingressar na ourivesaria, já trabalhou como carpinteiro e tracaieiro. “Antes de entrar nesse ramo, já trabalhei em Itaituba e Santarém como tracaieiro e carpinteiro. Meu pai era carpinteiro naval. Então, me ensinou o ofício. Até eu despertar meu interesse pela ourivesaria por meio de outros profissionais no ramo. Quando eu posso, faço minhas próprias peças para vender. O processo de confecção da prata é o mesmo do ouro. Porém, a prata vem de fora e é mais barata”.
O Mercado Central está sendo revitalizado com recursos provenientes de emenda parlamentar do senador Randolfe Rodrigues, no valor de R$ 2,5 milhões, e mais contrapartida do Município. A Prefeitura de Macapá irá entregar ainda este mês o novo Mercado Central. O espaço fica localizado na Rua Cândido Mendes, Centro, e funcionará de segunda a segunda, das 6h às 20h.
Bruno Monteiro
Assessor de comunicação/PMM
Fotos: Max Renê