Improir realiza encontro com mulheres de terreiros de matrizes africana

Com o tema 'Cuidando das cuidadoras', a ação levou, ainda, atendimentos de saúde, além de chamar a atenção para o combate à intolerância religiosa.

Por Alexssandro Lima - Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

A prefeitura de Macapá, através do Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Improir), realizou nesta terça-feira (7), uma ação com as Ekedys – mulheres dos terreiros de religiões matriz africana – com o intuito de valorizar essa importante função feminina, bem como seguir com a postura de combate a intolerância religiosa.

Durante o encontro, que ocorreu no Barracão do Pavão, localizado no bairro Laguinho, as ekedys receberam diversos atendimentos de saúde oferecidos pelo Centro de Referência em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Cerpis).

A ekedy em um terreiro de candomblé, explica que, dentro da religião, a palavra representa um cargo feminino, tido por mulheres que ‘não incorporam’ ou ‘entram em transe’, ou seja, não recebem um orixá, termo que abrange as divindades que compõem a religião.

Uma das coisas mais importante é fazer a política pública chegar aos segmentos que nem sempre são notados e que fazem parte de todo o processo de cuidado do povo preto.

“Reunir com as ekedys e ouvir as demandas é uma das nossas propostas para alcançar cada vez mais partes dos segmentos existentes na sociedade”, afirma Hellen Oliveira, chefe da Divisão de Difusão da Igualdade Racial do Improir.

“A ideia é valorizar essa importante função que é desempenhada somente por mulheres dentro dos terreiros, assim, de forma geral, seguir nossa postura de combate à intolerância religiosa, e ao mesmo tempo de liberdade religiosa”, destacou Maria Carolina Monteiro, diretora-presidente do Improir.

“Vale ressaltar que todas as religiões merecem respeito e nós, enquanto executores da política pública de igualdade racial, devemos dar visibilidade e a importância cultural que as religiões de matrizes africanas têm para a história do povo preto”, finaliza a gestora.

A Chyrlene Santos, que exerce a função de ekedy, relatou que, quando uma mulher assume o cargo é porque algum orixá a escolheu.

“Essa escolha é chamada de ‘ato de suspender’, ou seja, a ekedy é suspensa por um determinado orixá e as funções de uma ekedy podem ser resumidas por um verbo; cuidar. Assim ela ocupa um posto elevado na hierarquia da religião. Se algum orixá a escolheu, parte do pressuposto que ela cuidará desse orixá, será os olhos dele enquanto ele está em terra, e também cuida de todos os orixás que estão em terra, além disso, a ekedy também cuida da própria casa, da preparação dos ritos e de alimentos e do bem-estar das pessoas que frequentam o local. É mãe, literalmente”, explica Chyrlene.