“É tempo de Ciclo de Marabaixo e a prefeitura se rende a esta manifestação de fé”

Sábado, 30, foi dia do mastro, momento que marca um dos mais belos rituais do Ciclo do Marabaixo. Filhos de famílias tradicionais da cultura negra do estado do Amapá foram até as matas do quilombo do Curiaú ao encontro dos troncos perfeitos que serão ornamentados com ramos de murta na festa do Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade, no Laguinho e na Favela. Os marabaxeiros anunciaram pelas ruas dos dois bairros, bem cedo, a saída para cumprir mais uma missão. Entoaram as caixas, vestiram-se a caráter, levaram gengibirra, empunharam os instrumentos do corte, queda e carregamento do mastro e saíram em grupos rumo ao Curiaú.

Nesta manifestação cultural que se renova a cada ano, mantendo a tradição de uma ancestralidade que ajudou a construir a história do Amapá, o apoio do poder público para sua manutenção não é mais que sinal de respeito e reconhecimento de sua legitimidade. A Prefeitura de Macapá entende dessa forma. Por isso, o presidente do Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Improir), Maykom Magalhães, juntamente com sua equipe técnica, esteve presente neste momento de religiosidade e tradição, que anuncia a continuidade das festividades nos barracões da tia Gertrudes Saturnino, da tia Irene Pereira, da tia Biló e do mestre Pavão.
Este ano, a Prefeitura de Macapá, por intermédio do Improir, garantiu o repasse de R$ 40 mil para ajudar na realização do ciclo, incluindo apoio aos festejos do Marabaixo das zonas norte da cidade e rural, de Campina Grande. Além disso, a gestão também apoia, sempre que possível, com transporte e suporte para oficinas e palestras que acontecem durante a temporada. “Mesmo diante de um cenário de crise, a prefeitura faz o repasse para o evento porque reconhecemos sua importância no calendário do estado e como manifestação que preserva a tradição, a fé e a história do nosso povo”, disse Maykom Magalhães.
É tempo de Marabaixo e as comemorações seguem até junho, no Domingo do Senhor, enchendo de sons, cores e sabores as casas tradicionais da cidade. É tempo de Marabaixo, das saias floridas e rodadas, dos cabelos das mulheres armados com flores, dos homens combinarem os trajes com as mulheres, dos tambores rufarem, das famílias e amigos se encontrarem, do amigo branco festejar com o preto, de gente de toda a crença bailar, sem distinção. É tempo de fé, para louvar os guardiões das casas, para agradecer com festa e ladainha, para mostrar que a resistência do povo negro desse estado se deu pela alegria. “É tempo de Ciclo de Marabaixo e a Prefeitura de Macapá se rende a esta manifestação de fé!” (Maykom Magalhães).

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