Com apoio da prefeitura, ato busca combater o preconceito religioso

No ritmo da capoeira dos grupos Raízes do Brasil, Bimbinha, Jussara e Unicap, os passos se uniram para caminhar em busca de um futuro de equidade, onde não se medem as diferenças religiosas. Esta foi a proposta desafiadora da “II Caminhada de Matrizes Africanas contra a Intolerância Religiosa”, com o tema “Educação e Saúde por um Direito de Todos”, que aconteceu no sábado, 21, no centro da cidade.

 

Apoiada pela Prefeitura de Macapá, a programação fez parte da mobilização nacional em comemoração à data, criada para combater o preconceito religioso e todas as suas formas de agressão. Membros de diversas instituições estiveram presentes para dar voz a um simples desejo: provocar reflexos urgentes para imprimir na sociedade o respeito a todas as formas de expressão, independente de crenças.

 

“O dia de hoje é para que possamos pedir a paz, pedir pelo fim do proselitismo nas escolas e na saúde. É um momento de congregar todas as denominações para a liberdade religiosa, porque não podemos mais permitir que nossa religião e outras que também sofrem com esse tipo de abordagem sejam agredidas de forma tão covarde”, disse Nina Souza, uma das organizadoras do evento e praticante do candomblé.

 

Para o advogado Marcos Vinícius, que levou a filha de dois anos para participar da caminhada, essas manifestações são necessárias. “Precisamos de atos como este para que possamos mexer com o pensamento preconceituoso de parte da sociedade e, principalmente, lembrarmos de educar nossos filhos para viver com as diferenças e respeitá-las”.

 

Os padres Benedito Chaves, da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e Francivaldo Lima, da Paróquia São Benedito, atenderam ao chamado, assim como membros de outras vertentes religiosas, como espíritas e evangélicos. “A realidade que vivemos desde o descobrimento do Brasil e que vem se arrastando há séculos, infelizmente não permite uma convivência fraterna e igualitária. Esquecemos que Deus criou todas as coisas e nos fez a sua imagem e semelhança. Portanto, somos seres livres para vivermos de acordo com as nossas convicções. Essa é uma resposta de resistência, de ‘luta’, para qualquer tipo de intolerância insana”, afirmou o padre Benedito.

 

A caminhada, que teve início na Praça Veiga Cabral e partiu em direção ao trapiche Eliezer Levy, levou a mensagem principal: de que é fundamental uma união que desperte na sociedade um potencial de inteligência capaz de compreender que, apesar das discussões e conflitos de ideais, é possível conviver para além da questão meramente religiosa e social.

 

“Não aceitamos nada que não seja de nosso direito. Precisamos ser respeitados e não tolerados. E uma gestão que quer desenvolver uma política afirmativa precisa ter um olhar diferenciado, adquirido por meio do diálogo. É por esse caminho que a Prefeitura de Macapá trilha”, afirmou a diretora adjunta do Instituto Municipal de Política de Promoção da Igualdade Racial, Josilana Santos.

 

Ruth Helena Carrera/Asscom Improir