Prefeitura de Macapá dá assistência a mulheres vítimas de abusos e violências

O Brasil ocupa a sétima posição quando o assunto é homicídios de mulheres no mundo. Enquanto se lê, em algum lugar uma mulher está sofrendo algum tipo de agressão. Em Macapá, por meio do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram), em suas duas unidades localizadas nas zonas norte (Cram Janice Palmerim) e sul (Cram Izaura Góes) da cidade, a prefeitura dá assistência a mulheres vítimas de abusos e violências para que sejam asseguradas a elas condições de segurança, saúde, respeito aos seus direitos e, acima de tudo, dignidade.

 

Os Crams, sob os cuidados da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres (CMPPM), trabalham a prevenção e o enfrentamento à violência contra a mulher, por meio do diálogo e atendimento pedagógico, jurídico, social e psicológico para auxiliar na solução dos problemas e tentar evitar que elas engrossem ainda mais a lista de vítimas de violências doméstica e familiar.

 

As atividades desenvolvidas pelos centros buscam também trabalhar a autoestima da vítima por meio de oficinas, palestras, ações educativas e qualificação para o mercado de trabalho. Em sentido amplo, quando se fala em violência contra a mulher, entende-se não somente a agressão física, mas a moral, a psicológica, a patrimonial e a sexual.

 

Somente em Macapá, de acordo com dados da Rede de Atendimento à Mulher (RAM), a cada 12 minutos uma mulher é violentada. No Cram da zona sul, a média de atendimentos é de cinco a seis, por semana. São mulheres em vulnerabilidade social que sofrem agressões diárias, em sua maioria em relacionamentos abusivos e dependentes financeiras dos companheiros. O homem agressor, por sua vez, tem como perfil baixa renda, pouca escolaridade, alcoolismo ou dependência química, embora a violência doméstica esteja presente em todas as classes sociais em maior ou menor grau.

 

“O nosso trabalho visa desconstruir isso na vida delas para que parem de sofrer”, explica a assistente social Claudete Martins. Hevenize Andrade, coordenadora do Cram da zona norte, região de Macapá que lidera o número de casos de violência contra a mulher, ressalta que algumas situações vividas são de violência psicológica e as mulheres procuram atendimento em busca de um alívio para o sofrimento que estão vivendo. “Elas vêm em busca de um conforto emocional, de alguém que as ouça e as entenda”.

 

“Desenvolvemos projetos em parceria com as escolas para identificar menores que vivenciam no lar esse tipo de situação, e, para isso, contamos com o auxílio e observação dos professores. Um dado triste e assustador é que a maioria dos homens que apresentam caráter violento e agressor também teve um pai agressor e presenciou violência na família. Um comportamento conhecido como transgeracional”, conta Hevenize.

 

Para a coordenadora, o Cram atua principalmente para que a mulher tenha consciência de seus direitos e consiga sair do ciclo. “Procuramos dar todo o suporte para essas vítimas em todos os sentidos. Apesar da atuação dos órgãos competentes, apenas 30% das mulheres que nos procuram levam a decisão até o fim. Muitas desistem no meio do caminho, dizem que voltaram a se entender com os companheiros e continuam sendo vítimas dentro de sua própria família”.

 

O Cram da zona sul fica na Rua Anatair Monteiro, nº 149, bairro Nova Esperança. O atendimento é feito toda segunda, quarta e sexta-feira, das 8h às 13h. Nas terças e quintas-feiras, os serviços se concentram na Delegacia da Mulher, no bairro Santa Inês. O Cram da zona norte fica na Rua Roma, nº 2147, bairro Renascer II, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 13h.

 

Ruth Helena Carrera/Asscom CMPPM