Nos anos 80, sambistas e boêmios do bairro Jesus de Nazaré e amigos de comunidades próximas buscavam um motivo oficial para declarar seu amor e talento pelo samba, e começaram a tirar das rodadas musicais as ideias. Foi assim que a Associação Recreativa Império de Samba Solidariedade foi fundada, em 15 de janeiro de 1983, no pátio de Tia Vilça, no antigo bairro Jacareacanga. Neste carnaval, a “Soli” defende o enredo “Isabel, do Redento ao Franco-Exílio. A Augusta Alteza Imperial do Brasil”, para contar a trajetória de Princesa Isabel com criatividade, evolução e alegria.
No carnaval de Solidariedade, a filha de Dom Pedro II é a princesa defensora dos direitos dos negros e das mulheres, amiga dos jovens e de artistas de sua época, incentivadora de movimentos quilombola, da reforma agrária e do voto feminino. A princesa das Camélias, que aboliu a escravatura, vem retratada com respeito por ser uma pessoa, que, na época da escravidão, era contra os cruéis castigos impostos aos negros, os acolheu quando fugitivos, e financiou alforrias com seu próprio dinheiro.
“Orgulha o Sagrado Rincão: A Saga dessa Guerreira, filha da Nossa Nação – Legítima Mulher Brasileira”, canta o samba de enredo, que tem como compositor da letra e música os sambistas Aureliano Neck e Nonato Soledade, fundador e ex-presidente da agremiação. Para contar esta história, o desfile se divide em três setores, Alas Elementárias, Alas Temáticas- Projetos Sociais e Amigos da Escola, e Alas Comercializadas, e apresenta três casais de mestre-sala e porta-bandeira. Solidariedade abre o desfile do Grupo Especial, na sexta-feira, 21, 1h10.
A comissão de frente iniciará o desfile da Solidariedade com a evolução dos dançarinos, que representam os lordes da Corte Real. O jacaré também estará representado e irá contracenar com a figurante que representa a Princesa Isabel, e um tripé completa a evolução como elemento cênico. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira é uma referência a uma jovem, Princesa Isabel, e seu marido, Conde D’Eu. Este primeiro setor tem ainda o tripé e o carro abre-alas, que retrata o surreal, com um jacaré a alado, em uma referência ao posicionamento liberal da princesa.
O segundo setor apresentará uma bateria florida, para homenagear a Princesa das Camélias e falar do respeito e carinho que os escravos nutriam por sua defensora, a quem dedicavam flores. A ala das baianas desfilará como as senhoras que serviam a princesa e, ao mesmo tempo, eram tratadas como amigas, e o segundo e terceiro casais de mestre-sala e porta-bandeira desfilarão com as cores da escola, verde e vermelho. Cinco alas de projetos da escola formam este setor: “Comenda Roda de Ouro”, “Amor de Francês”, “Os Bambas da Imperatriz”, “Certidão de Nascimento da Juventude Brasileira” e “Os Filhos da Mãe África”.
O terceiro e último bloco, das alas comercializadas, representará importantes fatos da história da princesa, “A Ambição pelo Trono da Imperatriz”, “Fugir pelos Mares”, “Abraça a Bandeira ou a Espada”, “O Sol da Liberdade”, e “A Liberdade é um Direito, mas sobretudo um dom”. O carnavalesco da escola é seu presidente Jair Sampaio, intérprete oficial, Darlan Ribeiro, coreógrafo, Juliano Barros, mestre de bateria, Elton Gomes e o casal de mestre-sala e porta-bandeira oficial, Alanzinho Pantoja e Tainá Yasmim. À frente da bateria, a rainha Larissa Katrine.
Solidariedade teve como primeiro presidente Belarmino Picanço, o “Beloca”, e muitas personalidades do carnaval e artística passaram ou continuam fazendo parte de seu elenco, como Mariposa, Adelson Uchôa, Dico Soledade, Paulo rodrigues, Caubi e Durval Melo, Carlos Piru, Bi Trindade, Carlinhos Bababá, Adelson Preto, Susy Dayane, Heraldo Almeida, Célio Alício, alguns falecidos, e outros, que mesmo em outras agremiações, continuam nutrindo carinho pela Soli do Jesus de Nazaré.
Secretaria de comunicação de Macapá
Fotos: Max Renê