Shopping Popular: feirantes da Feira do Caranguejo aguardam seu novo local de trabalho

Nas feiras livres de Macapá se misturam cheiros de todos os produtos comercializados. São frutas, legumes, raízes, ervas, temperos, pescados e carnes. Muitos feirantes, que moram nos distritos e áreas ribeirinhas, acordam cedo, antes do sol nascer, para se deslocar até Macapá e vender os produtos. Tudo muito bem pesado, organizado e fresco, do jeito que o freguez gosta!

Assim como em todas as feiras, a Feira do Caranguejo é o lugar ideal para quem deseja garantir caranguejo e camarão fresquinhos, pescados nas ilhas próximas à capital. Esse tradicional espaço que funciona desde a década de 80 nos arredores de onde, hoje, está o novo Shopping Popular é uma referência na venda desses frutos do mar. O nome, se refere a mesma época, quando os feirantes ali comercializavam exclusivamente caranguejo.

Quem explica como começou tudo é o professor e historiador Célio Alício. Ele conta que a feira surgiu em meados de 1950, junto com a inauguração do Mercado Central. “Naquela época o centro de Macapá se limitava a São José e a Cândido Mendes, a feira começou junto com a inauguração do Mercado Central. Ali se estabeleceu o comércio de verduras, legumes, farinha, grãos, pescados, camarão e caranguejo e a orla era formada por área de palafitas e não existia grandes comércios”, explica.

“Não existiam as lojas que hoje tem ao redor de onde será o novo empreendimento, tudo era mais tranquilo e o local era formado por pequenas mercearias e comerciantes que vendiam seus produtos, muitos ainda estão por lá e o lugar já passou por muitas mudanças”, completa o historiador.

Feirante desde os 10 anos, Francisco Almeida conta que quando começou a trabalhar na feira do caranguejo as ruas da região não tinham asfalto e a poeira do chão batido era um grande problema.

“Na década de 80 não tinha asfalto aqui onde nós estamos, mas mesmo assim eu trabalhava aqui e a poeira era um problema para a gente. Um tempo depois que comecei a trabalhar aqui nós fomos remanejados para os arredores do Mercado Central para o espaço da feira ser revitalizado, quando voltamos as coisas estavam melhores e eu continuei trabalhando até hoje. Sou feirante há 62 anos e agora estamos vendo esse projeto bonito sair do papel”, disse Francisco.

A feira tem uma história marcada por mudanças, como conta o feirante Manoel Ferreira, que espera há 12 anos pelo espaço no novo Shopping Popular. “Nós começamos a trabalhar aqui há muito tempo. Já fomos para diversos lugares na redondeza pra que esse lugar passasse por reforma. Agora, após 12 anos de espera, eu e os meus colegas do Feirão Popular vamos ter o nosso espaço”, fala.

“Desde pequeno eu trabalho aqui, já vi muita coisa mudar. Tinha 7 ou 8 anos quando comecei a trabalhar, e com o dinheiro que ganho nesta feira criei e formei todos os meus filhos. Eu adoro esse lugar e amo ser feirante, esse é o meu trabalho. Espero que o novo Shopping Popular seja muito bom de trabalhar também”, finaliza.

Shopping Popular
A obra do Shopping Popular é um investimento na economia popular e incentivo aos microempreendedores. O local será ocupado pelos trabalhadores da Feira do Caranguejo e do Feirão Popular da Avenida Antônio Coelho de Carvalho, no centro da cidade.

A obra foi executada pela Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Semob) e custou R$ 3.982.125,27. O recurso foi destinado através de emenda parlamentar do senador Davi Alcolumbre (DEM/AP).

O prédio é dividido em dois andares, terá 114 unidades comerciais internas, 20 unidades externas, dois quiosques institucionais, duas áreas de serviço e plataforma de acessibilidade. No andar superior estão sete unidades comerciais, praça de alimentação, e dezesseis banheiros, sendo oito masculinos, sete femininos e um para pessoas com deficiência.

Naiara Milhomem e Lucas Costa
Secretaria Municipal de Comunicação Social