O Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Improir), em parceria com as secretarias municipais de Saúde (Semsa) e Assistência Social (Semas), encerrou nesta sexta-feira (30) a ação social Saúde nos Terreiros, que foi realizada durante três dias consecutivos.
A intenção era promover a igualdade racial, buscando a promoção e prevenção à saúde integral da população das comunidades tradicionais de matrizes africanas e afroameríndias de Macapá.
As ações contaram com retirada e atualização do CadÚnico, distribuição de cestas básicas e kits bebês, realização de testes rápidos, consultas com clínico geral, atendimentos psicológicos, nutricionais e jurídicos, distribuição de kits odontológicos, orientações de atividades físicas e fisioterapêuticas, além de vacinação de influenza e sarampo para pessoas com doses indicadas.
De acordo com a diretora-presidente do Improir, Maria Carolina Monteiro, a meta é expandir o Saúde nos Terreiros para outras comunidades de matrizes africanas.
‘’Esses três dias de ações permitiram o acesso da população aos serviços de saúde e assistência social dentro dos terreiros. Nossa intenção é tornar os espaços locais de inclusão, buscando o respeito às religiões de matrizes africanas, que são as que mais sofrem com racismo religioso. Queremos expandir os atendimentos para outros locais. A longo prazo, o Saúde nos Terreiros será uma ação itinerante’’, afirma.
Alcance e inclusão social
Os serviços de cuidado à saúde e de assistência social iniciaram na quarta-feira (28) no ‘Unso Lunda Nkisimbi Junsara’. O Tata Nkisi, Salvino dos Santos, conhecido como Pai Salvino, é o sacerdote da comunidade religiosa, que fica localizada na zona sul de Macapá.
Na quinta-feira (29), a ação foi promovida no ‘Ilê Asé Ibi Olufoni’, casa de candomblé do Babalorixá Marcos José Ribeiro, localizada no bairro Congós. Conforme o sacerdote, as atividades realizadas dentro do terreiro contribuem no combate à intolerância religiosa.
‘’É de suma importância para o terreiro e a comunidade do entorno receber ações de forma fácil e imediata, promovendo o acesso para população mais carente. Além de contribuir para a quebra do preconceito, porque, ao adentrar o terreiro de candomblé, as pessoas desconstroem do seu imaginário a imagem negativa que elas possam vir a ter das religiões afro-brasileiras’’, comenta Pai Marcos.
As ações de saúde encerram nesta sexta-feira (30) no ‘Rundembo N’Inkici Avanjú Kayango’, do Babalorixá Orlando Alexandre Rodrigues, conhecido como Pai Vanjurê. A casa de matriz africana foi criada em 1992, mas mudou para o loteamento Açaí, na qual permanece há 17 anos.
‘’As ações realizadas aqui na zona norte possibilitaram que pessoas que moram nas redondezas do Açaí, Brasil Novo, Infraero II e Morada das Palmeiras, pudessem acessar os serviços de saúde. O terreiro pode mostrar que também presta assistência social, tanto do lado empírico quanto científico, com garrafadas, óleos, banhos e puxações. Hoje, com ajuda da Prefeitura de Macapá, estamos sendo conhecidos e respeitados, com atendimento de aproximadamente 100 pessoas’’, ressalta Pai Vanjurê.
Débora Almeida Monteiro, de 65 anos, moradora do bairro Açaí, aproveitou a oportunidade para se consultar com o médico clínico geral. ‘’Eu gostei muito do atendimento, principalmente com o doutor. Aproveitei e também tomei a minha vacina da gripe. Pedi a Deus para que ele trouxesse serviços para o bairro e hoje recebi essa benção’’, conta.
Saúde nos terreiros
O Saúde nos Terreiros objetiva fomentar ações voltadas para as casas de matrizes africanas, na tentativa de valorizar e reafirmar a diversidade étnico-racial. Isso significa que os serviços oferecidos nas ações ajudaram a tornar os espaços em locais de inclusão, na intenção de evitar o preconceito, a intolerância e o racismo religioso.