Prefeitura de Macapá quer alinhar matriz curricular e saber tradicional na educação de crianças quilombolas

As adversidades no processo de ensino-aprendizagem das crianças quilombolas que compõem a rede municipal de educação da capital foram discutidas em encontro entre lideranças das regiões de quilombo de Macapá, o secretário municipal de Educação, Almiro Alves de Abreu, e a subsecretária de Gestão Educacional, Alciléa Ferreira. A reunião aconteceu na Secretaria Municipal de Educação (Semed) tarde de quarta-feira, 27. Quatro comunidades quilombolas estiveram representadas na reunião.

O secretário Almiro Alves afirmou que a proposta da educação quilombola é aproximar os saberes da comunidade e as exigências curriculares, para isso, a Prefeitura favorece essa aproximação com as lideranças das comunidades tradicionais.

“Estamos dispostos a realizar as alterações necessárias na matriz curricular, de modo que as crianças das regiões quilombolas consigam ter acesso a uma educação de qualidade com a preservação das tradições e identidade”, ressaltou o gestor.

Núbia Cristina é da comunidade quilombola localizada na região do Abacate da Pedreira e membro da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ). Ela agradeceu a abertura da Semed para ouvir as solicitações e sugestões apresentadas na reunião.

“Desde 2003 estamos lutando arduamente para nos fazer ouvir e é a primeira vez que conseguimos reunir tantos representantes de quilombo com um gestor educacional. Isso demonstra o respeito da gestão com as nossas reinvindicações”, celebrou a ativista.

Segundo o Decreto Federal nº 4.887/2003, os quilombolas são grupos étnico-raciais segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.

A subsecretária de Gestão Educacional, Alciléa Ferreira, ressalta que a Semed está atenta aos anseios das comunidades quilombolas e que esse tipo de encontro fortalece ainda mais a relação com as comunidades.

“Vamos sempre manter uma gestão norteada pelo diálogo, pois só assim conseguiremos identificar os pontos onde nossa educação municipal precisa melhorar. Com relação às áreas de quilombo, a nossa atenção é ainda maior, haja vista a trajetória histórica das pessoas que vivem nesses territórios”, concluiu Alciléia.

Lázaro Gaya

Secretaria Municipal de Educação de Macapá