‘Estou estudando para ter um futuro melhor’, diz aluna da EJA em Macapá

Após anos afastada, Priscyla Morais, de 43 anos, conta sobre os benefícios de voltar à escola.

Por Léo Nilo - Secretaria Municipal de Educação

Priscyla Morais é estudante da Educação de Jovens e Adultos na escola Maestro Miguel | Foto: Ingra Tadaiesky/PMM

Os caminhos que levaram Priscyla Morais, dona de casa de 43 anos, de volta à sala de aula foram longos e tortuosos.  A moradora do bairro Perpétuo Socorro, na zona leste de Macapá, precisou abandonar a escola após o nascimento da primeira filha, e desde então, se viu afastada do ambiente e da rotina que tanto gostava.

Depois de 26 anos e mãe de quatro filhos, Priscyla Moraes proclama com orgulho que é estudante novamente. Para isso, ela procurou a equipe da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Maestro Miguel Alves da Silva, que oferta turmas na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

“Estou estudando para ter um futuro melhor. Quero terminar meus estudos e ter orgulho de mim mesma, da minha capacidade, porque eu consigo! Desejo ser um exemplo para meus filhos e netos, para que eles vejam a importância de seguir na escola”, relata emocionada.

Priscyla interrompeu os estudos aos 17 anos, quando cursava o 8º ano do ensino fundamental. Para zelar e cuidar da família sem o diploma, ela iniciou uma carreira na área da segurança privada, que exigia muita saúde e disposição física. 

Neste período, o emprego foi suficiente para cuidar dos quatro filhos e, principalmente, garantir que todos concluíssem os estudos. Reforçar a importância da educação em casa fez com que um desejo, há muito esquecido, voltasse à tona.

“Dois dos meus filhos já se formaram. Aqui em casa, sempre reforcei com todos eles a importância de continuar na escola e fiz questão que ninguém abandonasse”, revela.

Após problemas de saúde, atualmente a trabalhadora está desempregada. Afastada da carreira como vigilante, a esperança da estudante é que, além da realização pessoal, o diploma possa trazer novas oportunidades de emprego.

“Nesses 26 anos que estive fora da sala muita coisa mudou. Estou me esforçando para aprender. Sei que é um esforço que vai valer a pena para o resto da vida, tanto para o meu futuro quanto o da minha família”, conta esperançosa.

EJA em Macapá
Dezesseis escolas da rede municipal de educação possuem turmas da EJA, para um público de mais de 1,5 mil estudantes. Na modalidade, jovens, adultos e idosos têm a oportunidade de concluir o ensino fundamental em 4 fases, cada uma com um ano de duração.

As aulas acontecem no turno noturno, das 18h às 22h. Lembrando que, todos acima de 15 anos que não completaram os estudos na faixa etária correta podem se matricular em turmas da EJA, ao longo do ano inteiro.

Na EJA, a vigilante viu a possibilidade de novas oportunidades para a sua vida. Agora, ela estuda na 4ª e última fase da modalidade e já faz planos para o futuro após a formatura.

 “Agora ensino até meu neto, que tem sete anos. Falo para ele: ‘olha meu filho, até a vovó voltou para terminar os estudos, tu tens que ser assim também. Por isso, meus filhos sentem orgulho de mim, de eu ter voltado a estudar”, explica.

Histórias como essa se repetem por todos os cantos da cidade, com estudantes inspirados a completar a trajetória escolar, que buscam garantir melhores condições de vida ou que desejam transformar a realidade social em que vivem. E para aqueles que ainda não retornaram às salas de aula, após interromper os estudos, Priscyla manda um recado:

“Tenho 43 anos e sei das dificuldades que nós, adultos sem diploma, enfrentamos. Mas estou lutando e chamo todos para fazer o mesmo. A educação é muito importante para a nossa vida, e não importa quanto tempo você ficou afastado, sempre é hora de voltar”, convida.

Turmas da EJA recebem estudantes acima de 15 anos para concluir o ensino fundamental | Foto: Arquivo/Semed