Cultura e Turismo: marabaixeiras Tia Chiquinha, Tia Venina e Tia Gertrudes são homenageadas com monumentos de esculturas em pontos históricos de Macapá

Hoje, 31 de dezembro, a Prefeitura de Macapá presta uma homenagem a três mulheres que representam a nossa maior manifestação cultural: o Marabaixo. São três monumentos com esculturas, feitas pelo grupo Urucum, com os artistas Josaphat, Dekko Matos e J. Márcio que esculpiram as marabaixeiras Tia Chiquinha (localizada na entrada da Rodovia do Curiaú), Tia Venina (localizada na esquina da Mãe Luzia com Eliezer Levy, Bairro do Laguinho) e Tia Gertrudes (em frente à escola Municipal Meu Pé de Laranja Lima, no bairro da Santa Rita, popularmente conhecido como Favela).

De acordo com a diretora-presidente da Fumcult, Marina Beckam, as esculturas e os locais em que foram colocadas simbolizam um conceito de territorialidade da cultura tradicional na zona Urbana da nossa cidade do qual Curiaú, Laguinho e Favela são expoentes, respiram e vivem cotidianamente essa manifestação. “As homenageadas são figuras históricas que resistiram e superam todas as adversidades e preconceitos por serem mulheres, que através do amor pela sua arte e ancestralidade, puderam preservar e repassar, às gerações seguintes, toda a vivência e o significado do fazer cultural, religioso e lúdico que cercam as rodas de Marabaixo”, destaca.

O diretor-presidente, Maykon Magalhães, da Improir, que, junto com a Fumcult são órgãos responsáveis pelo Monumento, ressalta que com essas homenagens a Prefeitura Municipal de Macapá consolida sua política de fortalecimento e visibilidade de figuras populares, mulher, negras e com forte ativismo na cultura. “Temos também as ruas do Residencial Jardim Açucena, onde todas receberam o nome de mulheres marabaixeiras de várias comunidades de nossa cidade, assim, incentiva a preservação das nossas raízes e das nossas referências históricas e culturais”. 

História das marabaixeiras

Tia Chiquinha: dona Francisca Ramos dos Santos, mais conhecida por Tia Chiquinha, teve 11 filhos sendo, que 05 são vivos. Era viúva do senhor Maximiano Machado dos Santos, mais conhecido como Bolão, exímio tocador de instrumentos de percussão (pandeiro e tambor de batuque e surdo de marcação).

Morava no Quilombo do Curiaú, sua terra natal. Após vender sua casa no bairro do Laguinho, muito embora não deixasse de participar dos festejos do Marabaixo do bairro mencionado. Tia Chiquinha era ex-lavadeira, aposentada pelo INSS e pensionista. Era uma mulher negra muito linda, dançadeira e cantadeira de Marabaixo e batuque. Era a matriarca de uma família de percussionistas autodidatas, dançadeiras e sujeitos viventes e participantes das manifestações culturais de base africana e afrodescendente do Estado do Amapá.

Tia Gertrudes: filha de Ciriaco Manuel Saturnino e Izabel Maria de Nazareth, única filha mulher de uma família de seis irmãos.  Mulher negra, aguerrida, filha de escravos, nasceu em terras amapaenses, (Macapá), no dia 08 de dezembro de 1899. Em 18 de maio de 1918, contraiu seu primeiro casamento Hyppólito da Silva Gaia, passando a ter o nome de Gertrudes da Silva Gaia. Anos mais tarde, constituiu nova família com Raimundo Pereira da Silva, (Capa Branca), com quem teve cinco filhos: Mamédio, Natalina, Sebastião, Maria José e Izabel.

Assumindo o desafio de cuidar sozinha de seus filhos, exercia as mais diversas e humildes atividades: doméstica, lavadeira, cozinheira, pela sobrevivência da família. Gertrudes foi parteira, ajudando muitas mães a dar à luz aos seus filhos, foi benzedeira e com seu conhecimento sobre as ervas e plantas medicinais, fazia seus remédios caseiros, garrafadas, chás e outros. Gertrudes exerceu importante liderança no Bairro e uma das precursoras do Marabaixo na Favela. Foi uma grande mulher à frente de seu tempo. Cantava, dançava, tocava caixa de Marabaixo com uma maestria ímpar. Criou o quadro de sócio da “Santíssima Trindade dos Inocentes” que foi uma forma prática e criativa de garantir a realização anual da festividade no Bairro,

Tia Venina: Antonia Venina da Silva nasceu em 17 de dezembro de 1909, no quilombo do Curiaú, a sua trajetória de vida foi de muita luta e resistência para manter viva toda sua ancestralidade, esta que repassou para as gerações que a sucederam.  Ela foi mãe de 09 filhos, foi agricultora, rezadeira, dançadeira de batuque e Marabaixo e grande curandeira de garganta.

Venina foi uma das referências em pesquisas acadêmicas dentro de sua comunidade, pois quem quisesse saber das vivências cotidianas e histórias do seu lugar, era só procurá-la. Por toda sua história de vida e legado deixado, no ano de 1997 seu nome foi dado à primeira Associação constituída por mulheres negras do Estado do Amapá: A Associação de Mulheres Mãe Venina, do Quilombo do Curiaú.

Secretaria de Comunicação de Macapá

Pérola Pedrosa

Assessora de comunicação