Cultura afroamapaense: Improir participará da Live de lançamento dos livros da escritora Esmeraldina dos Santos

Nesta quinta-feira (13), a diretora-presidente do Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Improir), Maria Carolina Monteiro, representará a Prefeitura de Macapá, na Live de lançamento dos novos livros da escritora e marabaixeira da comunidade quilombola do Curiaú, Esmeraldina dos Santos. Na oportunidade, serão lançadas as literaturas ‘O Encanto do Boto’ e o ‘Sonho de Uma Menina’.

A transmissão ao vivo inicia às 15h, nas redes sociais da escritora. Além do lançamento dos livros, ocorrerá uma roda de conversa acerca da ‘Missa do Tambor da Liberdade’ e também uma discussão sobre o dia 13 de maio, que marca a abolição da escravatura. A produção conta com o apoio do Improir e objetiva estimular a cultura afroamapaense.

A presidente do Improir, Maria Carolina, ressalta a importância de o instituto apoiar iniciativas que promovam o cenário macapaense. ‘’Dona Esmeraldina é uma figura muito representativa na nossa cidade. O Improir é difusor e provedor da cultura negra no Município, por isso precisamos prestar apoio à contação de histórias’’, destaca.

‘’Ainda temos poucos registros escritos, a oralidade é mais dominante. Então, promover essas narrativas é extremamente importante. Dar visibilidade a estes trabalhos é uma forma de preservar a tradição e a memória para as nossas futuras gerações’’, complementa.

A escritora, que também é integrante do grupo Raízes do Bolão, do Quilombo do Curiaú, reforça que os livros narram a realidade da comunidade tradicional, mostrando a ancestralidade e identidade cultural.

‘’Os meus livros são todos trabalhados na realidade da comunidade e possuem músicas de ladrão de marabaixo. Me dedico muito porque o marabaixo é nossa maior identidade. Cada ladrão tem uma história contada por trás’’, esclarece.

Narrativa da realidade
O livro ‘O Sonho de Uma Menina’ nasceu após uma crítica social à escritora. Enquanto ela se dirigia para aula de francês, na Universidade Federal do Amapá, encontrou duas amigas caminhando, que a questionaram para onde iria tão agoniada.

‘’No momento, respondi que ia para a minha primeira aula de francês e não podia perder o ônibus. Então, uma virou para outra e falou: se ela não fala nem o português direito, imagina querer falar francês! Quando cheguei da faculdade, a primeira coisa que fiz foi escrever a respeito. Daí surgiu o livro e a música sobre O Sonho de Uma Menina’’, conta.

O segundo livro, ‘O Encanto do Boto’, relata a famosa lenda, na qual o animal se transformava em homem para dançar nas festas da cidade. ‘’O Boto tem origem nas nossas comunidades. Na frente de Macapá, que era só um pedacinho, ali pelas bandas da casa do governador, tinha as festas de marabaixo. O Boto gostava de dançar o marabaixo, com a morena bonita, no meio do salão. Essa é uma história muito bonita e verdadeira, que aconteceu na cidade’’, explana.

Esmeraldina dos Santos
Mulher negra, mãe, avó, reconhecida como uma das maiores divulgadoras da cultura amapaense. Dona Esmeraldina é escritora macapaense desde 2002. A moradora do Quilombo do Curiaú, é cantadeira e dançadeira de marabaixo, carrega consigo a herança da manifestação cultural afro religiosa, sendo filha de Maximiano Machado dos Santos e Francisca Ramos dos Santos, a ilustre ‘’Tia Chiquinha’’.

‘’Meu pai, antes de falecer, sugeriu que contasse a história do meu povo. A minha mãe também me fortaleceu, devido a nossa situação de estar presentes em rodas de marabaixo. Muitas pessoas não conseguiam entender o que estavam cantando, nem sabiam explicar o que é o ladrão de marabaixo. Desta forma, surgiu a ideia de escrever os livros’’, finaliza.

Aline Paiva
Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial