“É uma forma de ocupar a mente e desabafar sobre a nossa realidade, sobre o que estamos sentindo. Então eu escolhi uma frase que me identifico bastante e tenho trazido para mim nos últimos tempos. É para não desistir mesmo com as dificuldades”, diz o usuário Hamilton Corrêa, de 57 anos. A frase a qual ele se refere é “A vida só é dura para quem é mole. Basta o primeiro passo para uma longa caminhada”, que foi eternizada em um muro durante uma oficina de grafite.
A atividade foi voltada para aos usuários do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) e aconteceu neste sábado (26). Ela foi resultado de uma parceria entre as secretarias municipais de Assistência Social (Semas) de Saúde (Semsa) com o projeto artístico Muro Vivo, coordenado por artistas locais.
De acordo com a psicóloga da equipe, Karine Silva, trazer a intervenção artística para o espaço do Centro Pop é uma forma de reduzir os danos causados ao indivíduo pela vivência nas ruas.
“Se o usuário está na rua hoje é porque algo falhou para ele. Falhou a família, o Estado ou a ausência de políticas públicas. O nosso papel, enquanto rede de atendimento da Saúde e Assistência Social, é dar um espaço mais acolhedor e colorido para eles. Isso também contribui para a redução do dano que eles adquirem com a experiência de viver na rua”, destaca a psicóloga.
O usuário Elias Ramos Gomes, de 40 anos, frequenta o Centro Pop há mais de 7 anos e e comenta que só conhecia o grafite por fotos. Para ele, a participação na oficina foi uma forma de expressar o amor que tem pelos versos.
“Eu gosto de versos e leitura, gosto da frase que transmite energia para as pessoas. Eu queria mesmo escrever no muro o que a minha alma está pensando”, comenta.
